Ética Bixa: curso debate novas perspectivas para a comunidade gay

Ética Bixa: curso debate novas perspectivas para a comunidade gay

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Livremente inspirado na obra “Ética Bixa”, do psicanalista espanhol Paco Vidarte, e no filme “Não é o homossexual que é perverso, mas a sociedade em que ele vive”, dirigido pelo cineasta Rosa von Praunheim nos anos 1970, o curso “Existe uma Ética Bixa?” vai acontecer entre os dias 25 e 28 de agosto como parte da programação online do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc São Paulo.

As vagas para o Ética Bixa já estão esgotadas. Com curadoria e mediação do filósofo Ali Prando, o curso vai reunir profissionais da comunicação e das artes para reflexões sobre temas como corpo, (des)identidade, sexualidade e as divergências, aproximações e distanciamentos entre os movimentos LGBTI e queer.

“Criar estratégias, pensando sobre o que afeta minorias como pessoas negras, mulheres, pessoas LGBTI, indígenas e trabalhadores sexuais, é fundamental neste momento para enfrentarmos o estado de necropolítica que aparece em nosso horizonte. A obra de Paco se faz necessária justamente por não fazer qualquer tipo de concessão com poderes hegemônicos”, comenta Ali, que também é idealizador do projeto.

Dividido em quatro encontros, “Existe uma Ética Bixa?” tem foco nos homens homossexuais, parcela da comunidade LGBTI amplamente privilegiada ao longo da história, mas que ainda deve se organizar em busca de novas perspectivas sociais. Participam das conversas Uma Reis Sorrequia (geógrafa e pesquisadora), Marcio Rolim (Bee40tona e Hornet Brasil), Ronaldo Serruya (dramaturgo, ator e diretor) e Ademir Correa (autor do livro ‘Cinema Queerité’).

Teorizando sem amarras acadêmicas, Paco Vidarte escreveu seu livro três semanas antes de falecer em decorrência do HIV/AIDS, que, segundo o ator e dramaturgo Ronaldo Serruya, funciona hoje em dia como uma tecnologia de opressão de corpos dissidentes. “O HIV/AIDS é hoje, mais do que nunca, a doença do outro, uma espécie de ferida psicossocial cultivada no medo, na ignorância e na negação”, aponta Ronaldo.

Se hoje em dia as redes sociais criam uma cortina de fumaça, uma espécie de ilusão de que ser gay é como viver num filme, o longa-metragem de Rosa von Praunheim já criticava essa visão nos anos 1970, e convidava os homens gays para uma militância mais próxima do movimento negro e feminista, produzindo críticas ferozes sobre o que significa ser LGBTI no contemporâneo.

“O sentimento de pertencimento não nasce com a bicha. Não se espelha em exemplos. Não é uma inspiração. A bicha não pertence a nada e nada pertence a ela, porque tudo nos é suprimido desde sempre. As conquistas são temporais, lentas, violentas e, sobretudo, efêmeras. A obra de Paco Vidarte descreve essa visão de não-pertencimento a partir de uma ótica pessoal tão tocante, que nos faz acreditar que será possível pertencer em algum momento de nossas vidas”, comenta Marcio Rolim.

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